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Tecnofobia? O que é e o que fazer se acometido?

Zoom, YouTube, Instagram, Facebook, inúmeros Apps, computadores, tabletes, smartphones, Smart TVs, caixas eletrônicos e a lista segue! É live disso pra cá, live daquilo pra lá. Enquanto uma live é assistida em um cômodo da casa, outras são vistas nos outros cômodos. Tem gente que assiste duas lives ao mesmo tempo: uma no tablete e outra no smartphone, enquanto conversa no chat, posta no Instagram e fala no WhatsApp….ufa!! E enquanto tudo isso acontece no mundo altamente tecnológico dos nossos dias, alguém está desesperado, tentando fugir de qualquer situação de interação virtual.

Talvez você nunca tenha ouvido falar de tecnofobia, mas esse é um mal que existe e é natural que aumente em uma época de quarentena, na qual nos tornamos ainda mais tecnodependentes. Tecnofobia pode ser definida como o “Medo patológico dos avanços técnicos e tecnológicos ou dos objetos ou funcionalidades que são resultado desse avanço” (Dicionário Priberam). Já “tecnófobo” é definido no Dicionário Cambridge como alguém que não gosta de nova tecnologia, especialmente de computadores, e não é capaz de usá-los com confiança.

A pessoa acometida pela tecnofobia, pode se ver paralisada frente às obrigações atuais de ter que trabalhar em home office usando tecnologia ou simplesmente por participar de momentos da igreja ou familiares que envolvam o uso das tecnologias. Assim, esse medo paralisante pode trazer grande prejuízo no trabalho e nos relacionamentos sociais.

Embora ainda não tenhamos tantas informações a respeito desse mal específico que é relativamente novo, “fobia” é um termo mais conhecido, descrito inclusive em manuais psiquiátricos de  diagnósticos. A fobia é caracterizada por um grande medo ou ansiedade acerca de situações ou objetos; medo ou ansiedade acentuados ao ter contato com o objeto temido ou a situação evitada. A pessoa com fobia evita de todas as formas possíveis o contato com o objeto ou a situação fóbica ou acaba por suportá-los com intensa ansiedade, angústia e sofrimento. A consequência é que toda essa evitação ou sofrimento acarretam em prejuízo para a vida da pessoa, podendo ser um prejuízo profissional e/ou social e/ou em outras áreas da vida. [1]

No atual momento de isolamento social que estamos vivendo, em que precisamos usar muito mais os recursos tecnológicos e eletrônicos para trabalhar e para manter algum tipo de contato social, a tecnofobia pode aparecer com ainda mais força e precisamos falar sobre isso. É importante salientar que, geralmente, a tecnofobia acomete pessoas mais velhas, que não têm tanto domínio do uso das tecnologias eletrônicas, simplesmente porque não nasceram em tal contexto. Mas ela também pode atingir pessoas mais jovens que simplesmente não gostam de eletrônicos ou ainda por condições socioeconômicas impeditivas de um maior contato com a tecnologia e quando a pessoa se vê em necessidade de usá-la, pode ocorrer essa grande ansiedade. As seguintes  sensações podem acontecer com alguém que está passando por essa difícil experiência: 

·       Uma grande sensação de impotência e incapacidade para executar o trabalho ou a tarefa proposta por causa, não da tarefa em si, mas pelo uso da tecnologia.

·       Medo de apagar algum arquivo importante. Ou de alterar coisas sem a intenção. 

·       Medo de mandar mensagens, fotos, vídeos involuntária e indevidamente.

·       Temor de danificar algum programa ou equipamento eletrônico.

·       Medo de não conseguir responder a algum comando exigido na interação virtual. 

            Ou seja, a tecnofobia é um medo angustiante ou aversão que um indivíduo tem de usar os aparelhos e ferramentas tecnológicas de forma indevida, acarretando assim, em consequências negativas que são intensamente temidas pela pessoa. 

Se, por um lado, a grande ansiedade sobre tecnologia que uma pessoa pode experimentar tende a ser algo negativo, por outro lado, o exagero no uso de tecnologia que caracteriza tantas pessoas em nossa época também deve ser percebido, refletido e dosado. É importante enfatizar que ninguém tem a obrigação de aderir a esse uso exagerado da tecnologia. Uma pessoa que não goste de eletrônicos ou que sofra de tecnofobia, pode, e até deve, buscar superar os medos e aprender a usar a tecnologia em suas necessidades, mas não precisa se tornar um amante e usuário assíduo da tecnologia.

Deus em sua palavra nos diz que não devemos ter medo, mas confiar nele: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41.10).

O que fazer se você está com tecnofobia?

1.     Entenda que não é só você que passa por isso. Por vezes tendemos a pensar que somente nós temos essa ou aquela dificuldade. Como vemos todos aparentemente lidando muito bem com eletrônicos e ferramentas tecnológicas, podemos achar que só nós somos incapazes e incompetentes. Você não está só! Muitas pessoas, em diferentes níveis, passam por uma experiência semelhante à sua.

2. Entenda que os medos precisam ser enfrentados. Você mesmo já deve ter enfrentado outros medos com sucesso! À medida que o tempo passa e não enfrentamos ou tratamos dos nossos medos, esses temores tendem a crescer e não diminuir.

3. Foque naquilo que você necessita aprender. Você não precisa se tornar um especialista. Faça uma análise das necessidades reais. Talvez você precise aprender apenas o necessário exigido por suas atribuições no trabalho, ou quem sabe, o mínimo, de forma a manter relacionamentos com familiares distantes e uma vida social saudável.

4. Busque uma ajuda nessa área específica. Consiga ou contrate alguém que te dê aulas básicas e te prepare para mexer nos eletrônicos e recursos específicos que você precisa usar no seu dia a dia. Você não precisa virar um expert da internet, computadores e celulares. Lembre-se que ninguém exige que você se torne um especialista e profundo conhecedor no assunto, mas busque aprender o necessário para o desempenho das tarefas que você precisa executar. Você pode pensar: “Mas meu filho(a), neto(a), sobrinho(a) já tentou e eu não aprendi…”. Note, nem sempre o parente terá a didática necessária, ou a paciência exigida para repetir e fazer você praticar quantas vezes forem necessárias. Se alguém tem um bloqueio na aprendizagem devido ao medo, é necessário que a ação seja repetida diversas vezes a fim de ser bem apreendida. A paciência, a repetição e a prática ao lado de alguém que entende do assunto e que está ali com o objetivo de te ensinar vão fazer toda a diferença.

5. Último, mas de maior importância, trate dos seus medos aos pés do Senhor Jesus. (A) Certifique-se de que sua vida de intimidade com Deus está caminhando bem. Isso é fundamental e fará toda a diferença (tempo diário a sós com Deus de leitura da Bíblia e oração). (B) Ore intensamente especificamente sobre o assunto, com súplicas e com ações de graça (Filipenses 4.6). Peça também a outros irmãos mais próximos e parentes para orar também a respeito dessa tua dificuldade. (C) Encare o desafio como uma forma de glorificar a Deus – todas as coisas devem ser feitas para a glória dele (1 Coríntios 10.31). (D) Traga à memória versículos da Bíblia que te façam lembrar que o Senhor Deus é a fonte máxima de coragem e segurança para todas as horas. Até os fios de cabelo que você tem estão contados, então não tema (Lucas 12.7), pois ele se importa com essa situação também.

Faça essas coisas e que ao final, você possa falar como o salmista: “Busquei o Senhor, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores.” Salmos 34.4

Que o Senhor Jesus te ajude em sua caminhada!!


[1] Cf. Fobia Específica no DSM V: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, p. 197.

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